quinta-feira, dezembro 11, 2025

Por que tanta desconfiança com a medicina tradicional?

Tomemos um exemplo recente: de uma das sociedades médicas tradicionais atuantes no campo da obesidade.

Nas redes, a propaganda das novas drogas para perda de peso segue um roteiro, no mínimo, questionável. Elas são, de fato, adventos comemoráveis sob várias perspectivas — ninguém nega ou deve negar à luz das evidências atuais. Mas o que se observa lá é um esforço constante de ampliar vantagens e, principalmente, abrir outras.

Muitas postagens lembram versões invertidas das análises do Blog do Luis.

Mas não significa que haja inverdades completas lá. O que há é a adoção fiel de uma cartilha de comunicação historicamente utilizada pela indústria farmacêutica: marketing inteligente com hype nas mensagens com maior potencial de visualização e uma calibragem nas “letras pequenas”.

Alguém poderia argumentar que o público leigo não domina os detalhes complexos que o Luis explica tão bem a profissionais — e que, portanto, esse tipo de exagero, muito bem travestido de científico, não afetaria a imagem da medicina perante eles. Mas o hype é perceptível a qualquer pessoa atenta. E, quando percebido, podem se instalar dúvidas: se as promessas soam boas demais, por que exatamente uma instituição médica está comunicando assim?

É desse desalinhamento entre conteúdo e forma que nasce parte da desconfiança crescente: não pela ausência de benefícios reais, mas pelo modo como são inflados, embalados e entregues, afastando a medicina da sobriedade e do rigor que deveriam ser sua marca. E, nesse ambiente fragilizado, um efeito colateral se torna inevitável: entre tantas narrativas mal calibradas, as pessoas acabam se sentindo no direito de questionar — equivocadamente — até mesmo vacinas, por percebê-las como apenas mais uma intervenção comunicada dentro de um sistema que já não inspira tanta confiança e quase somente vende soluções irretocáveis ou, com igual entusiasmo, a necessidade de si mesmo.

segunda-feira, setembro 08, 2025

Sociedades médicas que estampam marcas de laboratórios em peças de promoção de vacinas — sobretudo quando se trata de materiais simples, equivalentes a tantos outros que circulam espontaneamente pela internet — acabam, inevitavelmente, abrindo espaço para questionamentos:

  • Se não há parceria comercial nem participação do laboratório na elaboração do conteúdo, qual seria então o objetivo, senão oferecer uma espécie de “caridade reputacional”, permitindo que a marca se associe a uma conquista científica sólida — o que ainda não é questionado pela maioria — e, historicamente, dotada de maior credibilidade que a própria indústria farmacêutica? Afinal, quem estaria realmente ajudando quem?
  • Se, ao contrário, existe de fato uma parceria comercial, ela se limitaria apenas a materiais que muitos perfis individuais já produzem e compartilham em massa nas redes sociais? Para onde fluem, afinal, todos valores e interesses envolvidos? E qual o verdadeiro propósito dessa parceria específica, considerando — e não custa repetir — que vacinas ainda gozam, embora não se saiba até quando, de mais confiança pública do que os representantes da Big Pharma?
Ignorar que tais dúvidas são legítimas enfraquece a confiança da sociedade na Medicina. Mais grave ainda é quando, em vez de responder com transparência, transfere-se para a própria sociedade a responsabilidade por sua desconfiança.

segunda-feira, setembro 01, 2025

Psiquiatras que trabalharam no DSM-5 receberam US$ 14 milhões em financiamento não divulgado da indústria farmacêutica... Leia artigo do BMJ.

quinta-feira, agosto 07, 2025

 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...