* Matéria e entrevista de Cláudia Collucci, da Folha de São Paulo.
Folha - O sr. acredita que o alerta da FDA poderá frear essa "epidemia" de prescrições de hormônios?
Thomas Perls - Acho que a publicidade vai diminuir. E espero que artigos como o que acabamos de publicar alertem o público sobre os perigos dos hormônios nas terapias antienvelhecimento. Esses medicamentos só devem ser usados em condições ou doenças muito específicas e raras.
Por que os médicos continuam a prescrever essas drogas para fins não aprovados?
Porque os comerciantes continuam sendo bem sucedidos em convencer pessoas de que, supostamente, existem medicamentos que são uma maneira fácil e sem risco de se permanecer jovem.
A publicidade pode ser poderosa, especialmente se ela é interpretada por alguém que se pareça ou pretenda ser um especialista interessado em seu bem-estar.
No caso dos hormônios do crescimento e da testosterona para terapias antienvelhecimento, nada poderia estar mais longe da verdade.
O sr. diz que o marketing da testosterona e do hormônio de crescimento leva à mercantilização da doença. Como funciona?
Mercantilização da doença é basicamente a invenção de uma nova doença ou a tentativa de expandir a definição de uma doença existente para que mais pessoas acreditem que devam tomar um determinado medicamento ou obter um tratamento especial. Isso tudo combinado com campanha maciça de marketing. É o que acontece hoje no caso da testosterona e hormônio do crescimento.
No Brasil, não temos marketing de remédios direto ao consumidor como ocorre nos EUA. Ainda assim o sr. acredita que o marketing tenha um papel muito importante?
Mesmo nos Estados Unidos, os fabricantes de medicamentos e clínicas não podem fazer propaganda em massa dos hormônios de crescimento para fins de antienvelhecimento. Mas eles são comercializados a milhões de pessoas, tanto em nos EUA quanto no Brasil por meio da internet, publicidade em jornais e revistas e de médicos que aparecem em programas de entrevistas.
O sr. diz que, para muitos homens, a testosterona não cai com a idade. O que é possível fazer como prevenção?
Os homens mais velhos que estão aptos, e eu já vi muitos deles na praia de Copacabana, podem ter níveis normais de testosterona.
Se os níveis estão diminuídos, é porque existem fatores frequentemente associados com a obesidade, o tabagismo, sedentarismo e não dormir o suficiente.
Inverter esses problemas pode levar ao aumento dos níveis de testosterona. Por outro lado, porém, os níveis mais baixos não estão necessariamente associados com falta de resistência ou cansaço. Existe uma correlação muito pobre entre essas queixas e um nível de testosterona menor.
Qual o papel das sociedades médicas e das agências governamentais nessa "epidemia"?
As sociedades médicas profissionais, especialmente as que supervisionam o campo da endocrinologia, precisa ter critérios clínicos muito mais precisos para fazer um diagnóstico de uma doença que pode realmente se beneficiar da administração de testosterona, onde os benefícios superem os riscos como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. E os governos precisam estar atentos à publicidade e a venda irregular desses hormônios.
Folha - O sr. acredita que o alerta da FDA poderá frear essa "epidemia" de prescrições de hormônios?
Thomas Perls - Acho que a publicidade vai diminuir. E espero que artigos como o que acabamos de publicar alertem o público sobre os perigos dos hormônios nas terapias antienvelhecimento. Esses medicamentos só devem ser usados em condições ou doenças muito específicas e raras.
Por que os médicos continuam a prescrever essas drogas para fins não aprovados?
Porque os comerciantes continuam sendo bem sucedidos em convencer pessoas de que, supostamente, existem medicamentos que são uma maneira fácil e sem risco de se permanecer jovem.
A publicidade pode ser poderosa, especialmente se ela é interpretada por alguém que se pareça ou pretenda ser um especialista interessado em seu bem-estar.
No caso dos hormônios do crescimento e da testosterona para terapias antienvelhecimento, nada poderia estar mais longe da verdade.
O sr. diz que o marketing da testosterona e do hormônio de crescimento leva à mercantilização da doença. Como funciona?
Mercantilização da doença é basicamente a invenção de uma nova doença ou a tentativa de expandir a definição de uma doença existente para que mais pessoas acreditem que devam tomar um determinado medicamento ou obter um tratamento especial. Isso tudo combinado com campanha maciça de marketing. É o que acontece hoje no caso da testosterona e hormônio do crescimento.
No Brasil, não temos marketing de remédios direto ao consumidor como ocorre nos EUA. Ainda assim o sr. acredita que o marketing tenha um papel muito importante?
Mesmo nos Estados Unidos, os fabricantes de medicamentos e clínicas não podem fazer propaganda em massa dos hormônios de crescimento para fins de antienvelhecimento. Mas eles são comercializados a milhões de pessoas, tanto em nos EUA quanto no Brasil por meio da internet, publicidade em jornais e revistas e de médicos que aparecem em programas de entrevistas.
O sr. diz que, para muitos homens, a testosterona não cai com a idade. O que é possível fazer como prevenção?
Os homens mais velhos que estão aptos, e eu já vi muitos deles na praia de Copacabana, podem ter níveis normais de testosterona.
Se os níveis estão diminuídos, é porque existem fatores frequentemente associados com a obesidade, o tabagismo, sedentarismo e não dormir o suficiente.
Inverter esses problemas pode levar ao aumento dos níveis de testosterona. Por outro lado, porém, os níveis mais baixos não estão necessariamente associados com falta de resistência ou cansaço. Existe uma correlação muito pobre entre essas queixas e um nível de testosterona menor.
Qual o papel das sociedades médicas e das agências governamentais nessa "epidemia"?
As sociedades médicas profissionais, especialmente as que supervisionam o campo da endocrinologia, precisa ter critérios clínicos muito mais precisos para fazer um diagnóstico de uma doença que pode realmente se beneficiar da administração de testosterona, onde os benefícios superem os riscos como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. E os governos precisam estar atentos à publicidade e a venda irregular desses hormônios.