Ambicionamos aqui estimular ainda mais o debate acerca da relação entre a Medicina e as indústrias de medicamentos e tecnologias, e da forma como tem colocado em risco a credibilidade da Medicina Baseada em Evidências. Que consigamos viabilizar um espaço de diálogo altamente saudável, científico e construtivo.
quinta-feira, outubro 23, 2025
segunda-feira, setembro 08, 2025
Sociedades médicas que estampam marcas de laboratórios em peças de promoção de vacinas — sobretudo quando se trata de materiais simples, equivalentes a tantos outros que circulam espontaneamente pela internet — acabam, inevitavelmente, abrindo espaço para questionamentos:
- Se não há parceria comercial nem participação do laboratório na elaboração do conteúdo, qual seria então o objetivo, senão oferecer uma espécie de “caridade reputacional”, permitindo que a marca se associe a uma conquista científica sólida — o que ainda não é questionado pela maioria — e, historicamente, dotada de maior credibilidade que a própria indústria farmacêutica? Afinal, quem estaria realmente ajudando quem?
- Se, ao contrário, existe de fato uma parceria comercial, ela se limitaria apenas a materiais que muitos perfis individuais já produzem e compartilham em massa nas redes sociais? Para onde fluem, afinal, todos valores e interesses envolvidos? E qual o verdadeiro propósito dessa parceria específica, considerando — e não custa repetir — que vacinas ainda gozam, embora não se saiba até quando, de mais confiança pública do que os representantes da Big Pharma?
segunda-feira, setembro 01, 2025
Psiquiatras que trabalharam no DSM-5 receberam US$ 14 milhões em financiamento não divulgado da indústria farmacêutica... Leia artigo do BMJ.
quinta-feira, agosto 07, 2025
Não é preciso negar. Embora seja menos abrangente do que oportunistas sugerem, a questão existe — e ganha com o enfrentamento. Mais do tema em https://t.co/9MnMKL185N pic.twitter.com/LHPi4K5QjR
— Choosing Wisely Brasil (@ChooseWiselyBR) August 7, 2025
terça-feira, julho 29, 2025
segunda-feira, julho 28, 2025
Escrutínios saudáveis, colaborativos e, sobretudo, autocríticos são mesmo possíveis?
sexta-feira, julho 11, 2025
segunda-feira, junho 16, 2025
terça-feira, junho 10, 2025
Sobre a demissão dos pediatras do comitê de vacinas do CDC
As preocupações levantadas por todos acima são mais do que legítimas — proteger a ciência e evitar distorções impostas por pressões políticas é fundamental. Mas isso não nos impede de olhar para o outro lado do espelho: os conflitos de interesse são reais (sem que estejamos afirmando aqui que alguém tenha sucumbido a eles em decisões concretas). É fato público que houve recebimento de honorários por consultorias científicas e palestras financiadas por fabricantes de vacinas.
Não se sabe se os pediatras recentemente demitidos estavam entre os sete membros citados no relatório de 2009 do Office of Inspector General (HHS/OIG) e que votaram em matérias nas quais, segundo o órgão, deveriam ter se abstido. Ainda assim, resta claro que, mesmo quando não distorcem diretamente uma decisão clínica ou recomendação técnica, os conflitos de interesse no mínimo potencializam ruídos — e abrem espaços ambíguos, zonas que podem ser exploradas até mesmo por oportunistas mal-intencionados. Há aí uma vulnerabilidade, não só ética, mas comunicacional: o potencial descrédito que nasce da possibilidade de comprometimento pode ser tão corrosivo quanto o comprometimento em si. Mesmo quando essa corrosão ocorre injustamente. Nesta história acima, bastou concentrar poder do lado errado.
Isso nos leva a uma pergunta incômoda, mas inevitável: devemos normalizar os conflitos de interesse como parte inerente da relação entre ciência e indústria? Ou, ao contrário, reconhecê-los como um risco sistêmico — inclusive para os mais íntegros — e tratá-los com a seriedade e o cuidado que a integridade científica exige? Até que ponto esses pediatras comprometeriam sua qualidade de vida e suas possibilidades profissionais se limitassem sua relação com a indústria exclusivamente à participação em pesquisas clínicas patrocinadas? Precisavam? Eis a questão.
Conspiradores só prosperam onde há terreno fértil: a desconfiança. E essa desconfiança, em parte, é consequência de como temos conduzido a Medicina.
domingo, abril 27, 2025
Embora a influência da indústria farmacêutica sobre profissionais de saúde seja real e mereça discussão crítica — como evidenciado em nosso próprio projeto —, é fundamental reconhecer quando essa preocupação legítima é instrumentalizada para outros fins. No caso da matéria em questão, a crítica à Big Pharma funciona apenas como um gatilho emocional, utilizado para emplacar ideias que, longe de fortalecer a ciência ou a saúde pública, promovem agendas desconectadas dos interesses reais das pessoas — ou daqueles que deveriam ser, não estivéssemos vivendo a era da desinformação.
terça-feira, abril 01, 2025
Quem irá fiscalizar Jornalismo e influenciadores?
Estamos entrando em uma nova era na discussão sobre conflitos de interesse na saúde.
Se antes os holofotes estavam voltados quase exclusivamente para os médicos, hoje é urgente que também iluminem influencers de todas as profissões e o jornalismo em geral.
Os desafios, que já eram grandes, tornaram-se ainda mais complexos. Houve um tempo em que o jornalismo desempenhava um papel fundamental na fiscalização das práticas médicas e da indústria da saúde. Hoje, tudo indica que essa função vai se enfraquecer — e surge a inquietante pergunta: quem irá fiscalizar os próprios jornalistas e influenciadores, quando esses também passam a ter interesses cruzados?
A credibilidade da informação em saúde está em jogo. E talvez estejamos apenas começando a experimentar o tamanho do problema.







