Ambicionamos aqui estimular ainda mais o debate acerca da relação entre a Medicina e as indústrias de medicamentos e tecnologias, e da forma como tem colocado em risco a credibilidade da Medicina Baseada em Evidências. Que consigamos viabilizar um espaço de diálogo altamente saudável, científico e construtivo.
sexta-feira, junho 24, 2016
terça-feira, junho 21, 2016
Colaborador do Blog é citado em matéria de Época
Para o médico gaúcho Guilherme Barcellos, que já encabeçou uma campanha para diminuir a influência da indústria farmacêutica, deveria existir mais controle sobre as instituições e não sobre os médicos. “As diretrizes costumam ditar que tipo de brinde o médico pode ou não pode receber, mas não são tão severas com o patrocínio de eventos promovidos pelas sociedades médicas”, afirma Barcellos. LEIA MAIS.
segunda-feira, junho 20, 2016
NAS BANCAS: Os falsos doentes de R$ 9,5 millhões
ÉPOCA desta semana traz a intrigante história de supostos pacientes que não tinham a doença, prescrição de medicamento de alto custo, relação espúria entre cardiologista, propagandista e associação de pacientes.
Procurado pela Época, o cardiologista disse que "minha parte é olhar para o melhor interesse do paciente, e não do Estado".
A associação de pacientes disse que "o custeio das atividades da associação é feito de forma absolutamente legal", sem detalhar financiadores. Em nota, a Farmacêutica aceita ter feito doações à associação.
Procurado pela Época, o cardiologista disse que "minha parte é olhar para o melhor interesse do paciente, e não do Estado".
A associação de pacientes disse que "o custeio das atividades da associação é feito de forma absolutamente legal", sem detalhar financiadores. Em nota, a Farmacêutica aceita ter feito doações à associação.
sábado, junho 18, 2016
A diluição do problema entre todas as profissões da saúde
Ontem dei entrevista para jornalista da Época sobre o tema Medicina & Conflitos de interesse. Foi legal falar do assunto novamente depois de algum tempo.
Questionado se o problema vem piorando na Medicina, apesar de esforços (lembramos de iniciativas onde colaborei e vi que algumas já têm mais de uma década), respondi que não.
Percebo que os médicos, em média, melhoraram, evoluíram (não tanto os grandes e poderosos conglomerados, mas os médicos comuns, da ponta). Há uma geração muito mais crítica, apreenderam com os erros e a exposição dos colegas.
Questionado se o problema vem piorando na Medicina, apesar de esforços (lembramos de iniciativas onde colaborei e vi que algumas já têm mais de uma década), respondi que não.
Percebo que os médicos, em média, melhoraram, evoluíram (não tanto os grandes e poderosos conglomerados, mas os médicos comuns, da ponta). Há uma geração muito mais crítica, apreenderam com os erros e a exposição dos colegas.
Outras profissões da saúde, mais recentemente, passaram a percorrer o nosso caminho. E a incorrer nos mesmos erros históricos, cair nas mesmas armadilhas.
Num ambiente de assistência à saúde cada vez mais complexo, talvez até o médico que ainda não veja problemas no relacionamento com a indústria perca espaços, ou, no mínimo, divida a atenção e os resultados. Já escrevi sobre isto em aqui, e algumas coisas citadas em 2013 casualmente estão na grande mídia hoje, como a epidemia de uso de opióides e suas consequências nefastas (leitura complementar 1, leitura complementar 2).
Num ambiente de assistência à saúde cada vez mais complexo, talvez até o médico que ainda não veja problemas no relacionamento com a indústria perca espaços, ou, no mínimo, divida a atenção e os resultados. Já escrevi sobre isto em aqui, e algumas coisas citadas em 2013 casualmente estão na grande mídia hoje, como a epidemia de uso de opióides e suas consequências nefastas (leitura complementar 1, leitura complementar 2).
Exemplos práticos de como houve a diluição do problema entre todas as profissões da saúde são vários, por exemplo:
Como seguir, dentro dos hospitais brasileiros, a recomendação #1 desta lista, elaborada pela Sociedade Americana de Geriatria,
se as equipes de terapia nutricional nos estabelecimentos de saúde estão em íntima relação com representantes das indústrias relacionadas, e o modelo de remuneração vigente faz com que o hospital pague 100 reais por 1 litro de dieta, para revender por 8, 10 vezes mais ao plano de saúde? Será que os médicos continuam sendo os grandes vilões de outrora????
Até a Medicina Veteninária já está totalmente contaminada. Recentemente levei minha cachorra adorada para consultar. Presenciei na sala de espera uma representante de produtos veterinários convidando o pessoal da clínica para uma festinha. "Pode inclusive levar toda a família", disse a jovem promotora de vendas.
Sai da consulta com receita de Cosequin® - the #1 Veterinarian recommended retail joint health supplement brand.
Tenho também uma linda, e agora idosa, Golden Retriver.
Lembrei imediatamente das recomendações para humanos, onde sabemos que não passa de um bom placebo, com alguns poucos riscos:
Mas resolvi ir atrás do que dizem os veterinários críticos:
Encontrei um através de http://skeptvet.com. O veterinário assim apresenta-se: As a practicing veterinarian, I am personally and professionally devoted to promoting real, beneficial medical therapies for companion animals, and to discouraging those approaches that have not proven to be safe or effective, or that may even be harmful. I strive for true open-mindedness, but I believe all medical practices must be open to critique and must be validated by reliable science, not merely tradition, intuition, opinion, or anecdote. In this blog I will be addressing the broad range of philosophical, ethical, economic, legal, political, and most of all scientific issues raised by complementary and alternative medicine (CAM), particularly as it is applied to veterinary medicine. Para concluir que:
De um artigo mais recente tirei:
Fico pensando: se eu, que estudo o assunto conflitos de interesse e costumo ir a fundo nas evidências, quais sejam, percebo-me com sérias limitações para lidar com veterinários, como que em meio a um comércio* e pouco além disto, onde estão metidos os leigos que entregam sua saúde a nós médicos, e o que podem de fato fazer????
* Cosequin® custaria-me em torno de R$ 250,00 por mês de tratamento. Como estes tratamentos geralmente tornam-se crônicos, estaríamos falando de R$ 1500,00 por semestre.
Até a Medicina Veteninária já está totalmente contaminada. Recentemente levei minha cachorra adorada para consultar. Presenciei na sala de espera uma representante de produtos veterinários convidando o pessoal da clínica para uma festinha. "Pode inclusive levar toda a família", disse a jovem promotora de vendas.
Sai da consulta com receita de Cosequin® - the #1 Veterinarian recommended retail joint health supplement brand.
Tenho também uma linda, e agora idosa, Golden Retriver.
Lembrei imediatamente das recomendações para humanos, onde sabemos que não passa de um bom placebo, com alguns poucos riscos:
Mas resolvi ir atrás do que dizem os veterinários críticos:
Encontrei um através de http://skeptvet.com. O veterinário assim apresenta-se: As a practicing veterinarian, I am personally and professionally devoted to promoting real, beneficial medical therapies for companion animals, and to discouraging those approaches that have not proven to be safe or effective, or that may even be harmful. I strive for true open-mindedness, but I believe all medical practices must be open to critique and must be validated by reliable science, not merely tradition, intuition, opinion, or anecdote. In this blog I will be addressing the broad range of philosophical, ethical, economic, legal, political, and most of all scientific issues raised by complementary and alternative medicine (CAM), particularly as it is applied to veterinary medicine. Para concluir que:
Ø Glucosamine and chondroitin appear to have effects on joint tissues isolated in the laboratory that might indicate they could be useful adjuncts to osteoarthritis treatment if these effects also occurred in patients given oral preparations of these substances. However, there are reasons to question whether they could have such effects because they are poorly absorbed, and little of what is taken orally actually reaches affected joints.
Ø In humans, the largest and best clinical trials studying oral glucosamine and chondroitin supplements shows little to no effect on pain or on the degeneration of cartilage in patients with osteoarthritis.
Ø There is virtually no good quality research on the use of glucosamine and chondroitin in veterinary patients. The best study so far, done in dogs, found a combination of these agents to be of no benefit for patients with osteoarthritis. Further research in animals with osteoarthritis is warranted, but at this time the evidence does not support the use of glucosamine and chondroitin in these patients.
Ø Glucosamine and chondroitin taken orally appear to be safe in veterinary patients. However, they should not be taken by patients on anti-coagulant medications, and they should be used with caution in diabetics.
Ø The best treatments for osteoarthritis in veterinary patients, as in humans, are maintenance of a healthy weight, regular moderate exercise, and non-steroidal anti-inflammatory medications for pain
De um artigo mais recente tirei:
Fico pensando: se eu, que estudo o assunto conflitos de interesse e costumo ir a fundo nas evidências, quais sejam, percebo-me com sérias limitações para lidar com veterinários, como que em meio a um comércio* e pouco além disto, onde estão metidos os leigos que entregam sua saúde a nós médicos, e o que podem de fato fazer????
* Cosequin® custaria-me em torno de R$ 250,00 por mês de tratamento. Como estes tratamentos geralmente tornam-se crônicos, estaríamos falando de R$ 1500,00 por semestre.
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