terça-feira, janeiro 11, 2022

É preciso estar ALERTA também para conflitos de interesse ideológicos...

Observava há pouco, em uma grupo de discussão, criticarem colega, historicamente de esquerda e professor em renomada universidade do Brasil, por disseminar informações que grosseiramente atentam contra a epidemiologia básica. "Virou bolsonarista, era só o que faltava", escreveu um dos críticos. "Tinha credibilidade, já participou até daquele movimento Choosing Wisely", disse outro. 

Mais atentos observarão que conceitos e ideias que renegam valor do distanciamento físico/social na pandemia, bem como outros negacionismos, advêm de mais de uma via. Há os que, na origem, tornam caricatural a defesa da liberdade individual ao melhor estilo "norte-americanóide". Há ainda os com influência de Foucault e sua singular análise do poder e da domesticação dos corpos que compõem o espaço social, entre outras do gênero. Há, então, esquerda e direita presas a convicções a priori. Há, dos dois lados também, quem não gosta, não quer ou não sabe discutir Saúde Baseada em Evidências.

Aquele colega professor continua de esquerda, calma pessoal!

"Apenas" parou no tempo, na análise que Luis fez em https://medicinabaseadaemevidencias.blogspot.com/2020/01/coronavirus-epidemiologia-do-medo.html, e que aprimorou muito rapidamente depois, por se esforçar para evitar apego a conceitos e ideias. 

Já o outro professor não consegue avançar no paradigma populacional da pandemia pois teria que mentalmente aceitar a "grandeza" de uma doença, o fato dela merecer mais do que "um mês colorido" - já consome dois anos de nossas vidas. Teria que surfar junto do establishment científico que tanto acusou de criar problemas para vender soluções. Ele não suporta o "siga [domesticamente] a ciência" também. Tudo em parte compreensível... Sob certos aspectos justificado até...

Mas a resultante é ele preso às condições a priori, das quais não consegue abrir mão então - os impedem de focar unicamente em questão pontual e suas evidências específicas.

Não vê alternativa ao "less is more". "Menos é mais" passa a ser mantra, caminho único, objeto sagrado. Resulta em cenário explicado inteiramente por aquela paródia de Happy, que vira um tipo de mensagem bíblica. E não é sequer necessário aprofundamento algum adicional. A verdade está nela, e basta!

Para pessoas assim, rastreamentos de doenças, por exemplo, são necessariamente ruins. Não porque historicamente costumam não funcionar ou funcionar pouco - o que deveria moldar a probabilidade frente a qualquer nova avaliação, reduzindo expectativas. Mas porque representam "cercas", e cercas remetem a controle. E controle por médicos é ainda mais feio, pois representam uma elite a que esses dogmáticos fingem não pertencer. 

É, pois, preciso estar ALERTA também para conflitos de interesse ideológicos...


Nem sempre menos é mais ou melhor!

Poucos além de nós aqui neste Blog bateram tanto na relação da indústria com médicos na última década (ou mais, se considerar a Campanha Alerta). Mas não é porque vem da Pfizer que é ruim, ainda mais considerando que os atuais críticos da sua vacina são, muitas vezes, os mesmos que vendem tecnologias leves e leves-duras através de consultas virtuais, quando não remédios de outras empresas, em meio aos seus próprios conflitos de interesse. 

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