Eu ouvi vários alertas quando mencionei minha viagem e já cheguei ao evento bem desconfiada, mas, acredite, o Congresso da SBAN conseguiu me surpreender – negativamente.
Stands lindos, enormes e modernos da Coca-Cola (é claro!), da Herbalife, da SupraSoy, da Nestlé, da Danone. Se alguém tivesse me contado eu não acreditaria, mas eu vi com meus próprios olhos: distribuição gratuita de shakes para serem substituídos pelas refeições principais e um freezer liberado com os produtos da Coca-cola.
Além de todo esse absurdo, eu tive o desprazer de assistir a palestras financiadas por essas indústrias, nas quais os seus produtos eram enaltecidos e amplamente elogiados, respaldados por pesquisas, projetos e grandes nomes.
E, pior do que tudo isso, eu vi nutricionistas mais do que orgulhosos por terem organizado, participado e realizado esse belíssimo evento.
Desde o último semestre da faculdade tenho tido excelentes experiências em relação à minha profissão. Desenvolvi o meu senso crítico e aprendi a enxergar a Nutrição sob uma perspectiva bem diferente daquela que a Universidade insistia em nos ensinar.
Por isso, me peguei diversas vezes me perguntando durante este evento… E se eu não tivesse tido essas experiências, eu teria esse olhar crítico em relação a este Congresso? Fiquei sinceramente preocupada quando vi estudantes do 2º, 3º semestre. Pode ser que tudo tenha sido absorvido por eles ou pode ser (eu espero!) que não.
De tudo, fica o meu relato e minha reflexão. Afinal, pelo que, nós, nutricionistas, lutamos? Não somos nutricionistas sociais ou clínicos ou de produção… Somos nutricionistas. E precisamos nos unir para lutar por um mundo com uma alimentação adequada para todos. Todos.
*Bruna Nunes é nutricionista e atua no Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional do Centro-Oeste (NUSAN/CO) e no Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (OPSAN/UnB). Originalmente publicado em http://propaganut.wordpress.com.
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