Ambicionamos aqui estimular ainda mais o debate acerca da relação entre a Medicina e as indústrias de medicamentos e tecnologias, e da forma como tem colocado em risco a credibilidade da Medicina Baseada em Evidências. Que consigamos viabilizar um espaço de diálogo altamente saudável, científico e construtivo.
segunda-feira, fevereiro 24, 2014
Editores convidados para colaborar em livro com o tema “Conflitos entre a prática médica e o interesse das indústrias farmacêuticas”.
E com muita satisfação aceitamos o desafio proposto pelo Grupo de Pesquisa em Bioética, Direito e Medicina, composto por professores e alunos da pós-graduação da Universidade de São Paulo. O GBDM/USP dedica-se a estudos em Bioética e tem por objetivo a elaboração de conhecimento multidisciplinar que atenda e valorize a produção nacional.
Se a indústria atinge este nível de investimento na ponta, o que não fazem para ter os médicos com eles, já que o peso de nossa caneta é muito maior?
Hoje, enquanto tomava um café em uma padaria/confeitaria na zona norte de Porto Alegre, vi chegar uma pessoa em carro identificado como da Vonpar, empresa líder no mercado de refrigerantes. Em seu portfólio, além da marca mais famosa do planeta, a Coca-Cola, os chocolates da Neugebauer e a vaquinha da Mu-Mu, com sua qualidade em leites e doces de leite. Sentou em mesa próxima, com o gerente do estabelecimento. Conversaram sobre um curso para os atendentes onde seria "desmistificada a questão do sódio e dos açucares”. Alguém dúvida, a partir disto, da importância de discutirmos os bastidores do relacionamento entre médicos e representantes de indústrias? Nem que seja intra corporis...
domingo, fevereiro 23, 2014
sexta-feira, fevereiro 14, 2014
Levantamento da USP mostra relação entre médicos e indústria
Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com 300 médicos que assistem pacientes com o vírus HIV no Estado de São Paulo revela que 64% desses profissionais de saúde tiveram alguma relação com empresas farmacêuticas. O estudo, do professor Mário Scheffer, analisou a interação entre médicos e empresas produtoras de medicamentos antirretrovirais (ARVs) no contexto de uma política pública universal de tratamento do HIV e da Aids. O pesquisador defende maior divulgação das diretrizes clínicas do Ministério da Saúde para orientar os médicos de forma mais adequada na escolha dos medicamentos.
O trabalho é descrito em artigo publicado na revista "São Paulo Medical Journal", editada pela Associação Paulista de Medicina. Foram realizadas entrevistas estruturadas, por meio telefônico, em amostra probabilística de 300 médicos de uma população de 2.361 profissionais que assistem pacientes com HIV e Aids no Estado de São Paulo.
"Aproximadamente 218.000 pessoas estavam em tratamento com ARVs na rede pública de saúde no Brasil no final de 2013 e, em média, são identificados 38.000 novos casos de infecção pelo HIV por ano, o que gera aumento progressivo do número de pessoas que passarão a receber ARVs", afirma o professor do Departamento de Medicina Preventiva.
"Em 2013 foi lançada nova política que prevê a antecipação do tratamento. Calcula-se que pelo menos mais 100.000 pacientes iniciem tratamento", completa.
De acordo com Scheffer, o programa público brasileiro de tratamento da Aids deve considerar o potencial de influência das empresas farmacêuticas na prescrição dos médicos. "Isto é ainda mais necessário em um momento de ampliação do uso de antirretrovirais, com a política de antecipação do tratamento para todos as pessoas diagnosticadas HIV-positivas e diante do potencial uso dos medicamentos na prevenção (profilaxia pré e pós exposição)", ressalta.
O grande consumo de ARVs no Brasil , inserido em uma política pública de acesso universal, faz com as empresas farmacêuticas acionem as mais variadas estratégias de promoção, atividades informativas e de persuasão com o objetivo de induzir à prescrição, dispensação, aquisição pelo poder público e utilização de seus medicamentos. "Neste sentido, o médico prescritor de ARV, que conta com o auxílio de diretrizes clínicas produzidas pelo programa governamental, mas também goza de autonomia profissional no momento da prescrição, passa a ser alvo prioritário do marketing promocional das empresas", afirma o professor da FMUSP.
No Brasil, os medicamentos ARVs não são comercializados no mercado, integram um programa público de distribuição gratuita no SUS e estão inseridos em diretrizes clínicas atualizadas periodicamente e aceitas pela comunidade médica.
"Por outro lado, os ARVs dependem de prescrição médica, vários desses medicamentos concorrem na mesma indicação terapêutica e constantemente são lançados novos produtos de marca patenteados, fazendo com que as empresas produtoras lancem mão de todos os recursos disponíveis para a conquista do mercado", diz Scheffer.
O professor ressalta que no Brasil é incipiente o debate sobre os valores éticos que permeiam a relação entre os médicos e as empresas que fabricam e comercializam medicamentos.
"Também são tímidas as iniciativas na direção do aprimoramento da regulação da interação entre prescritores e indústria farmacêutica. O Código de Ética Médica, atualizado em 2010, as resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são insuficientes", alerta.
"A maior divulgação e implementação das diretrizes clínicas do Ministério da Saúde para prescrição de ARVs é um dos caminhos para a garantia de que os médicos tomarão decisões exclusivamente de acordo com as credenciais científicas dos medicamentos, as recomendações padronizadas por um programa de saúde pública e as necessidades de saúde do paciente", conclui Scheffer.
O trabalho foi realizado no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na modalidade Auxílio à Pesquisa.
Relação com empresas
Cerca de dois terços (64%) dos médicos que prescrevem ARVs declararam que tiveram alguma relação com empresas farmacêuticas, sendo mais frequentes o recebimento de publicações (54%), visita de propagandistas (51%) e de objetos de pequeno valor (47%). Com menor expressividade, declararam receber almoços ou jantares (27%), viagens para congressos nacionais (17%) e internacionais (7%), convites para participar ou conduzir pesquisa clínica (15%).
"A oferta e o recebimento de benefícios são mais expressivos conforme aumenta o tempo de experiência do médico com o tratamento de HIV e aids, o volume de pacientes e a idade", conta o pesquisador. "Também são mais significativos entre os médicos especialistas em infectologia."
O trabalho é descrito em artigo publicado na revista "São Paulo Medical Journal", editada pela Associação Paulista de Medicina. Foram realizadas entrevistas estruturadas, por meio telefônico, em amostra probabilística de 300 médicos de uma população de 2.361 profissionais que assistem pacientes com HIV e Aids no Estado de São Paulo.
"Aproximadamente 218.000 pessoas estavam em tratamento com ARVs na rede pública de saúde no Brasil no final de 2013 e, em média, são identificados 38.000 novos casos de infecção pelo HIV por ano, o que gera aumento progressivo do número de pessoas que passarão a receber ARVs", afirma o professor do Departamento de Medicina Preventiva.
"Em 2013 foi lançada nova política que prevê a antecipação do tratamento. Calcula-se que pelo menos mais 100.000 pacientes iniciem tratamento", completa.
De acordo com Scheffer, o programa público brasileiro de tratamento da Aids deve considerar o potencial de influência das empresas farmacêuticas na prescrição dos médicos. "Isto é ainda mais necessário em um momento de ampliação do uso de antirretrovirais, com a política de antecipação do tratamento para todos as pessoas diagnosticadas HIV-positivas e diante do potencial uso dos medicamentos na prevenção (profilaxia pré e pós exposição)", ressalta.
O grande consumo de ARVs no Brasil , inserido em uma política pública de acesso universal, faz com as empresas farmacêuticas acionem as mais variadas estratégias de promoção, atividades informativas e de persuasão com o objetivo de induzir à prescrição, dispensação, aquisição pelo poder público e utilização de seus medicamentos. "Neste sentido, o médico prescritor de ARV, que conta com o auxílio de diretrizes clínicas produzidas pelo programa governamental, mas também goza de autonomia profissional no momento da prescrição, passa a ser alvo prioritário do marketing promocional das empresas", afirma o professor da FMUSP.
No Brasil, os medicamentos ARVs não são comercializados no mercado, integram um programa público de distribuição gratuita no SUS e estão inseridos em diretrizes clínicas atualizadas periodicamente e aceitas pela comunidade médica.
"Por outro lado, os ARVs dependem de prescrição médica, vários desses medicamentos concorrem na mesma indicação terapêutica e constantemente são lançados novos produtos de marca patenteados, fazendo com que as empresas produtoras lancem mão de todos os recursos disponíveis para a conquista do mercado", diz Scheffer.
O professor ressalta que no Brasil é incipiente o debate sobre os valores éticos que permeiam a relação entre os médicos e as empresas que fabricam e comercializam medicamentos.
"Também são tímidas as iniciativas na direção do aprimoramento da regulação da interação entre prescritores e indústria farmacêutica. O Código de Ética Médica, atualizado em 2010, as resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são insuficientes", alerta.
"A maior divulgação e implementação das diretrizes clínicas do Ministério da Saúde para prescrição de ARVs é um dos caminhos para a garantia de que os médicos tomarão decisões exclusivamente de acordo com as credenciais científicas dos medicamentos, as recomendações padronizadas por um programa de saúde pública e as necessidades de saúde do paciente", conclui Scheffer.
O trabalho foi realizado no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na modalidade Auxílio à Pesquisa.
Relação com empresas
Cerca de dois terços (64%) dos médicos que prescrevem ARVs declararam que tiveram alguma relação com empresas farmacêuticas, sendo mais frequentes o recebimento de publicações (54%), visita de propagandistas (51%) e de objetos de pequeno valor (47%). Com menor expressividade, declararam receber almoços ou jantares (27%), viagens para congressos nacionais (17%) e internacionais (7%), convites para participar ou conduzir pesquisa clínica (15%).
"A oferta e o recebimento de benefícios são mais expressivos conforme aumenta o tempo de experiência do médico com o tratamento de HIV e aids, o volume de pacientes e a idade", conta o pesquisador. "Também são mais significativos entre os médicos especialistas em infectologia."
Julio Bernardes
Da Agência USP de Notícias
segunda-feira, fevereiro 10, 2014
Indústria farmacêutica e financiamento de políticos
Dados dos EUA:
Agenda da Anvisa mostra lobby de parlamentares em favor de indústrias
Ex-dirigente da ANVISA acusado de favorecer laboratório farmacêutico
Saraiva Felipe afirma ser despachante de laboratório farmacêutico
Projeto de lei aprovado na Câmara libera venda de remédios para emagrecer
No Brasil, isto também ocorre e por vezes envolvidos sucumbem aos conflitos de interesse:
Projeto de lei aprovado na Câmara libera venda de remédios para emagrecer
Já conversei com muitos políticos vinculados à Saúde que são extremamente críticos aos conflitos de interesses dos médicos, mas que entendem serem capazes de gerenciar os seus. Médicos geralmente se comportam parecido, enxergam a influência nos outros, nos próprios colegas, jamais neles próprios. E neste cenário, a indústria farmacêutica relaciona-se com tudo e todo mundo.
sábado, fevereiro 08, 2014
segunda-feira, fevereiro 03, 2014
Comissão discute relação entre médico e "venda" de OPMEs
Aconteceu na última quinta-feira (23), em Brasília, a reunião da Comissão de Cooperativismo das Entidades Médicas, onde foi tratada a questão do relacionamento entre médicos e a comercialização de órteses e próteses. Os gastos com órteses, próteses e materiais especiais (OPME) movimentam cerca de R$ 20,5 bilhões ao ano e representam importante parcela nas internações hospitalares, despesa que mais cresce na conta dos planos de saúde.
O mercado OPME movimenta bilhões no Brasil e, somente o Sistema Único de Saúde efetuou reembolso superior a R$ 943 milhões para os planos de saúde, em 2011. De acordo com o representante da Fenam junto às entidades sindicais de grau superior, Jacó Lampert, o problema está na relação direta entre o médico e a “venda” desse material. Segundo ele, existem acusações de que procedimentos desnecessários podem estar ocorrendo. “É um absurdo imaginar que um profissional médico esteja utilizando órteses e próteses com o único objetivo de ganhar honorários, propinas mesmo, sem que haja necessidade para o paciente”, denunciou Jacó.
O encontro procurou tratar do envolvimento dos médicos na comercialização das OPME, e contou com representantes da FENAM, CFM, Unimed e da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes. Para o secretário de Relações Trabalhistas da Fenam, Eduardo Santana, para que se qualifique o debate do tema, é importante que outros setores envolvidos possam assumir as respectivas parcelas de responsabilidade. “É preciso que haja ações, não só no sentido de coibir atitudes que possam ser consideradas ilícitas, mas que também criem regulamentações e fiscalizem para que essas regras sejam efetivadas”, informou.
Outro ponto tratado na discussão foi a grande variação de preços das OPME no Brasil, mesmo quando são provenientes do mesmo fabricante e com as mesmas especificações técnicas. Lampert informou que existem diferenças nos valores de até cem vezes em um mesmo produto dependendo de onde esse produto é adquirido. “E o pior, envolvendo uma pequena parcela de maus médicos que ajudam a patrocinar essas distorções, encarecendo para as cooperativas e operadoras e, claro, para os pacientes”, finalizou.
O mercado OPME movimenta bilhões no Brasil e, somente o Sistema Único de Saúde efetuou reembolso superior a R$ 943 milhões para os planos de saúde, em 2011. De acordo com o representante da Fenam junto às entidades sindicais de grau superior, Jacó Lampert, o problema está na relação direta entre o médico e a “venda” desse material. Segundo ele, existem acusações de que procedimentos desnecessários podem estar ocorrendo. “É um absurdo imaginar que um profissional médico esteja utilizando órteses e próteses com o único objetivo de ganhar honorários, propinas mesmo, sem que haja necessidade para o paciente”, denunciou Jacó.
O encontro procurou tratar do envolvimento dos médicos na comercialização das OPME, e contou com representantes da FENAM, CFM, Unimed e da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes. Para o secretário de Relações Trabalhistas da Fenam, Eduardo Santana, para que se qualifique o debate do tema, é importante que outros setores envolvidos possam assumir as respectivas parcelas de responsabilidade. “É preciso que haja ações, não só no sentido de coibir atitudes que possam ser consideradas ilícitas, mas que também criem regulamentações e fiscalizem para que essas regras sejam efetivadas”, informou.
Outro ponto tratado na discussão foi a grande variação de preços das OPME no Brasil, mesmo quando são provenientes do mesmo fabricante e com as mesmas especificações técnicas. Lampert informou que existem diferenças nos valores de até cem vezes em um mesmo produto dependendo de onde esse produto é adquirido. “E o pior, envolvendo uma pequena parcela de maus médicos que ajudam a patrocinar essas distorções, encarecendo para as cooperativas e operadoras e, claro, para os pacientes”, finalizou.
Fonte: Saúde Web
domingo, fevereiro 02, 2014
Vacinação contra vírus HPV divide opinião de médicos
A quase um mês do início da vacinação de meninas contra o vírus HPV em escolas e postos de saúde, um grupo de ao menos 28 médicos de saúde da família se diz contrário à imunização, gerando conflito com outras especialidades médicas.
Eles levantam dúvidas sobre a segurança da vacina e dizem que faltam evidências científicas de que ela vá mesmo proteger a mulher contra o câncer de colo de útero.
O Ministério da Saúde e três sociedades médicas (pediatria, ginecologia e de imunização) rebatem as críticas e garantem que a imunização é eficaz e segura.
Eles levantam dúvidas sobre a segurança da vacina e dizem que faltam evidências científicas de que ela vá mesmo proteger a mulher contra o câncer de colo de útero.
O Ministério da Saúde e três sociedades médicas (pediatria, ginecologia e de imunização) rebatem as críticas e garantem que a imunização é eficaz e segura.
A vacina, que será ofertada a partir de 10 de março a meninas de 11 a 13 anos, é recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Estudos clínicos feitos até o momento demonstram que ela é eficaz contra verrugas e lesões genitais causadas pelo HPV. O vírus (tipos 16 e 18) está relacionado a 70% dos casos de câncer uterino.
"O câncer de colo mata, mas a vacina não demonstrou até o momento que evitará essas mortes. Ela previne as verrugas e lesões no colo do útero, que não matam. A maioria absoluta delas regride", afirma o médico de família Gustavo Gusso, professor de clínica geral da USP.
As lesões com chances de evoluir para câncer podem ser detectadas em exame papanicolaou, que deveria ser mais abrangente e eficiente no país, diz Rodrigo Lima, médico de família em Recife (PE).
"A vacina e o papanicolaou são estratégias complementares, não excludentes. A grande maioria das mulheres, independentemente do nível socioeconômico, não tem organização para fazer exames rotineiros de papanicolaou", rebate o médico Gabriel Oselka, da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Para ele, o efeito da vacina na redução dos casos de câncer e na mortalidade ocorrerá a longo prazo.
O tumor é a quarta causa de morte por câncer em mulheres - são 9.000 por ano.
Os médicos de família também questionam a segurança da vacina. Em países como Espanha, EUA e Japão há relatos de reações graves, como paralisias e mortes. Mas não foi comprovada a relação desses eventos com a vacina.
Desde agosto, o Japão não recomenda mais a vacina.
"Só de imaginar uma filha minha com paralisias causadas por uma vacina dessas, descarto a ideia rapidinho", diz Lima, pai de três filhas.
Nilma Neves, da Febrasgo (federação das sociedades de ginecologia e obstetrícia), diz que a vacina é segura e que as reações graves podem ter sido apenas coincidência.
"O câncer de colo mata, mas a vacina não demonstrou até o momento que evitará essas mortes. Ela previne as verrugas e lesões no colo do útero, que não matam. A maioria absoluta delas regride", afirma o médico de família Gustavo Gusso, professor de clínica geral da USP.
As lesões com chances de evoluir para câncer podem ser detectadas em exame papanicolaou, que deveria ser mais abrangente e eficiente no país, diz Rodrigo Lima, médico de família em Recife (PE).
"A vacina e o papanicolaou são estratégias complementares, não excludentes. A grande maioria das mulheres, independentemente do nível socioeconômico, não tem organização para fazer exames rotineiros de papanicolaou", rebate o médico Gabriel Oselka, da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Para ele, o efeito da vacina na redução dos casos de câncer e na mortalidade ocorrerá a longo prazo.
O tumor é a quarta causa de morte por câncer em mulheres - são 9.000 por ano.
Os médicos de família também questionam a segurança da vacina. Em países como Espanha, EUA e Japão há relatos de reações graves, como paralisias e mortes. Mas não foi comprovada a relação desses eventos com a vacina.
Desde agosto, o Japão não recomenda mais a vacina.
"Só de imaginar uma filha minha com paralisias causadas por uma vacina dessas, descarto a ideia rapidinho", diz Lima, pai de três filhas.
Nilma Neves, da Febrasgo (federação das sociedades de ginecologia e obstetrícia), diz que a vacina é segura e que as reações graves podem ter sido apenas coincidência.
por Cláudia Collucci, Folha
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