quinta-feira, julho 31, 2014

Exposição de estudantes e residentes ao marketing afeta a prescrição

Estudantes e residentes que passam mais tempo com os representantes têm menos probabilidade de fazerem escolhas de prescrição baseadas em evidências, de acordo com resultados de um estudo publicado Online First no JAMA Internal Medicine.

Os autores dizem que seus dados mostram que o marketing é ligado à escolha de prescrições, que estudantes e residentes são mais suscetíveis a favorecer marcas conhecidas.

Kirsten E. Austad, médica da Division of Pharmacoepidemiology and Pharmacoeconomics, Department of Medicine, Brigham and Women’s Hospital e Harvard Medical School, e colegas pesquisaram uma amostra nacionalmente representativa de estudantes de medicina do primeiro e quarto ano, e residentes no terceiro ano, aleatoriamente selecionando pelo menos 14 indivíduos em cada nível de cada escola.

Eles deram aos avaliados uma lista de perguntas onde questionavam sobre a frequência de interações com a indústria farmacêutica nos últimos 6 meses (incluindo a aceitação de presentes), suas expectativas quanto a essas interações em suas carreiras futuras e as suas atitudes em relação à essas interações.

A partir dessas respostas, os pesquisadores fizeram um índice do relacionamento de participantes com a industria farmacêutica.

Entre os estudantes do quarto ano e residentes, os autores emitiram uma série de perguntas de múltipla escolha, perguntando sobre a terapia inicial mais apropriada para cenários clínicos envolvendo pacientes com diabetes, hiperlipidemia, hipertensão e dificuldade de sono.

O estudo descobriu que um índice de 10 pontos ou maior de relações com a indústria foi associado com 15% menos chances de prescrição baseada em evidências. Houve também uma ligação significante entre os índices de relações com a indústria e maiores chances de prescrição de medicamentos de marcas conhecidas.

ONDE OS TRAINEES CONSEGUEM INFORMAÇÕES?

O uso de representantes farmacêuticos como fonte de informação de medicamentos aumentou progressivamente. Segundo o estudo essa fonte é duas vezes mais usada por residentes (20%), do que por estudantes do primeiro ano (7,9%). O uso reportado de patrocínios de empresas farmacêuticas para eventos educacionais quase triplicou dos primeiros anos. Somente 74,7% dos residentes disseram que usam artigos em revistas e jornais consagrados para aprender sobre drogas.

Em uma nota do editor, Joseph S. Ross, médico, notou que durante os anos de treinamento ‘’as identidades profissionais são formadas, e os ‘hábitos’ da prática clínica começam’’.

Ele disse que não existem razões educacionais para esse tipo de interação com representantes da indústria, e recomenda que escolas médicas e hospitais de treinamento limitem a exposição aos trainees.

‘’Está se tornando mais claro que restringir essas interações durantes a escola de medicina e o treinamento de pós graduação leva a uma prescrição entre médicos de maior qualidade e mais baseada em evidências, o que é bom para a profissão, para o cuidado com o paciente e para a confiança do público na medicina’’, disse ele.

sábado, julho 19, 2014

Novas diretrizes para o diagnóstico do câncer de próstata enfrentam resistência dos médicos.

As recomendações recentes da USPSTF sobre PSA na triagem para câncer de próstata em homens saudáveis encontra resistência dos médicos, segundo pesquisa da Johns Hopkins. Um grande número afirmou que enfrentava barreiras para parar o exame de PSA em homens que o faziam regularmente.

A razão ouvida com mais frequência por 74,4% dos médicos foi “meus pacientes esperam que eu continue pedindo testes anuais de PSA”, seguida por 66% que disseram “leva mais tempo para explicar por que não estou mais indicando o teste do que apenas continuar testando o PSA”. E mais da metade acredita que “não pedir o exame pode ser confundido com má prática”.

Read more: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/novas-diretrizes-para-diagnostico-do-cancer-de-prostata-enfrentam-resistencia-dos-medicos-5021028#ixzz37wXTWJPk

segunda-feira, julho 14, 2014

Saúde e esporte: ética, responsabilidade e práticas coerentes de publicidade

TÍTULO: A “Gasosa” Copa do Mundo de 2014 (The World fizzy drinks Cup 2014)

REFERÊNCIA: The Lancet, Volume 383, Issue 9934, Page 2020, 14 June 2014

IDIOMA: Inglês

SÍNTESE

Editorial do The Lancet denuncia que, para desespero de especialistas em saúde pública, tornou-se comum ver empresas produtores de fast-food, de bebidas gasosas açucaradas e mesmo de cerveja como patrocinadoras de grandes eventos desportivos. A Copa do Mundo da FIFA de 2014, ora em curso no Brasil, não é uma exceção. Os parceiros e patrocinadores da FIFA incluem ninguém menos do que a Coca-Cola, a rede McDonald e a gigante empresa de cervejas Budweiser.

A visibilidade e presença física dessas empresas e seus produtos tem certamente enorme impacto para os espectadores dos eventos centrais e paralelos da Copa do Mundo, não só no Brasil como em todo o mundo. Como revelou matéria especial do mesmo The Lancet em 2013, a América Latina vinha tomando medidas substanciais para tentar introduzir leis alimentares saudáveis ​​para combater a obesidade infantil. Esforços de variados países, incluindo o Brasil, visando melhorar as opções de alimentação escolar, mediante regulamentos de rotulagem e restrições à publicidade de alimentos não saudáveis, se tornaram constantes. Entretanto, os alimentos e bebidas parceiros e patrocinadores da Copa do Mundo de 2014 representariam um ataque direto a essas tentativas para melhorar a saúde da criança.

No entanto, não são apenas os eventos desportivos afetados dessa maneira. Incrivelmente, a Coca Cola foi um dos patrocinadores do Congresso Internacional de Atividade Física e Saúde Pública, realizado recentemente no Rio de Janeiro. E o patrocínio não era apenas financeiro, alerta The Lancet, mas se estendia à farta distribuição de brindes em reuniões paralelas.

The Lancet considera tais práticas como simplesmente “vergonhosas”, pois as conferências médicas e os eventos esportivos devem cuidar de elevar seus padrões éticos e evitar tais ligações financeiras. As federações desportivas internacionais devem e podem fazer muito melhor, mesmo reconhecendo que a FIFA tem iniciativas interessantes de responsabilidade social e questões ambientais. No entanto, nenhum de seus projetos está diretamente relacionado para a saúde. Assim, apoiar a atividade física e os esforços de alimentação saudável deve ser uma ligação natural para uma federação desportiva.

“Chutar para fora” os patrocínios insalubres seria um excelente começo, arremata o presente editorial do The Lancet.

quarta-feira, julho 09, 2014

Indústria farmacêuticas e associações médicas

 artigo na íntegra

Em outros textos deste Blog também sugerimos deixar de lado um pouco os médicos comuns e focar mais nos grandes financiamentos "institucionais”.

quinta-feira, julho 03, 2014

Dr. Oz - uma caricatura de nós mesmos


Nunca vi de perto nada parecido. Mas como negar que algumas vezes nos tornamos pequenos exemplos disto. Atrevo-me a dizer que 4 entre 5 dos médicos (chego a esta estatística pensando nos que convivo, e, desviando da sempre convidativa hipocrisia, incluo-me no "grupo dos 4") adoram, em menor ou maior grau, conseqüências disto, especificamente destacar-se publicamente, virar referência, mostrar o que está fazendo e, se possível, ter aprovação, ganhar seguidores, dar palestras, e outras coisas do mesmo gênero. Nenhuma delas intrinsicamente erradas. Mas, o fato é que tornamo-nos vulneráveis….
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