Os autores dizem que seus dados mostram que o marketing é ligado à escolha de prescrições, que estudantes e residentes são mais suscetíveis a favorecer marcas conhecidas.
Kirsten E. Austad, médica da Division of Pharmacoepidemiology and Pharmacoeconomics, Department of Medicine, Brigham and Women’s Hospital e Harvard Medical School, e colegas pesquisaram uma amostra nacionalmente representativa de estudantes de medicina do primeiro e quarto ano, e residentes no terceiro ano, aleatoriamente selecionando pelo menos 14 indivíduos em cada nível de cada escola.
Eles deram aos avaliados uma lista de perguntas onde questionavam sobre a frequência de interações com a indústria farmacêutica nos últimos 6 meses (incluindo a aceitação de presentes), suas expectativas quanto a essas interações em suas carreiras futuras e as suas atitudes em relação à essas interações.
A partir dessas respostas, os pesquisadores fizeram um índice do relacionamento de participantes com a industria farmacêutica.
Entre os estudantes do quarto ano e residentes, os autores emitiram uma série de perguntas de múltipla escolha, perguntando sobre a terapia inicial mais apropriada para cenários clínicos envolvendo pacientes com diabetes, hiperlipidemia, hipertensão e dificuldade de sono.
O estudo descobriu que um índice de 10 pontos ou maior de relações com a indústria foi associado com 15% menos chances de prescrição baseada em evidências. Houve também uma ligação significante entre os índices de relações com a indústria e maiores chances de prescrição de medicamentos de marcas conhecidas.
ONDE OS TRAINEES CONSEGUEM INFORMAÇÕES?
O uso de representantes farmacêuticos como fonte de informação de medicamentos aumentou progressivamente. Segundo o estudo essa fonte é duas vezes mais usada por residentes (20%), do que por estudantes do primeiro ano (7,9%). O uso reportado de patrocínios de empresas farmacêuticas para eventos educacionais quase triplicou dos primeiros anos. Somente 74,7% dos residentes disseram que usam artigos em revistas e jornais consagrados para aprender sobre drogas.
Em uma nota do editor, Joseph S. Ross, médico, notou que durante os anos de treinamento ‘’as identidades profissionais são formadas, e os ‘hábitos’ da prática clínica começam’’.
Ele disse que não existem razões educacionais para esse tipo de interação com representantes da indústria, e recomenda que escolas médicas e hospitais de treinamento limitem a exposição aos trainees.
‘’Está se tornando mais claro que restringir essas interações durantes a escola de medicina e o treinamento de pós graduação leva a uma prescrição entre médicos de maior qualidade e mais baseada em evidências, o que é bom para a profissão, para o cuidado com o paciente e para a confiança do público na medicina’’, disse ele.
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