Ambicionamos aqui estimular ainda mais o debate acerca da relação entre a Medicina e as indústrias de medicamentos e tecnologias, e da forma como tem colocado em risco a credibilidade da Medicina Baseada em Evidências. Que consigamos viabilizar um espaço de diálogo altamente saudável, científico e construtivo.
quarta-feira, novembro 13, 2024
segunda-feira, novembro 11, 2024
O que está por trás desse desfile de marcas, antes acusadas de aumentar custos através de influência em médicos, com a Abramge?
Nos últimos tempos, a Associação Brasileira de Planos de Saúde vem publicando cada vez mais conteúdos em parceria com indústrias farmacêuticas e fabricantes de dispositivos médicos.
- Se o paciente possui cobertura integral para um tratamento específico, ele não arca diretamente com os custos dos medicamentos ou dispositivos.
- No entanto, o impacto negativo ocorre se o plano de saúde optar — ou o Pacote favorecer — tratamentos ou produtos de qualidade inferior ou qualquer tipo de restrição a caminhos terapêuticos que poderiam ser adequadamente ajustados a valores e preferências do paciente.
- Aqui, o impacto é mais direto: o paciente paga parte do custo e pode acabar arcando com valores mais altos, sem que os descontos negociados beneficiem o consumidor final.
Pergunta Final
Será que alguma instituição, acadêmica ou de mercado, está analisando a fundo esse fenômeno e seus impactos no Brasil?
sábado, novembro 09, 2024
sexta-feira, novembro 08, 2024
terça-feira, novembro 05, 2024
Entre Luais Badalados, Eventos Oficiais Esvaziados e Cortinas de Fumaça: Observações sobre a Influência da Indústria nos Médicos
As noites, para eles, eram também de alta performance. Todos os dias havia um luau ou outro evento social patrocinado, e, como resultado, a presença nas atividades do congresso propriamente dito foi, cada dia mais, rareando. Embora tivessem hospedagem e inscrições cobertas, o evento científico, com centenas de médicos inscritos, acabou ficando em segundo plano:
Duas semanas depois, acompanhei meu companheiro a outro evento. Enquanto ele palestrava, fiquei numa sala de apoio aguardando para entregar um pen drive necessário para outra atividade. Essa sala foi compartilhada com um representante da indústria, que aproveitou para realizar reunião virtual. A conversa apresentava truncamentos: fluía melhor na minha presença apenas, sabe-se lá porque razão. Toda vez que aproximavam-se congressistas, a pessoa mais escutava quem estava do outro lado do que falava...
Neste trecho*, indivíduo do outro lado parecia não confiar em seu speaker. É tranquilizado com expressões do tipo "validamos tudo". Fica a forte impressão de que controlam através de plataforma onde insere-se as apresentações e, somente dali, são oferecidas ao público-alvo. Essa questão da influência no conteúdos e, consequentemente, na grade dos eventos médicos, não é exatamente nova: a Folha de São Paulo, ainda em 2011, publicou matéria cujo título era: Médicos ”loteiam” eventos para a indústria.
segunda-feira, outubro 14, 2024
O Ciclo de Influência e a importância também de olhar para as instituições
Em uma postagem recente, discutimos o contraste entre o controle rigoroso imposto aos "médicos comuns" e a liberdade irrestrita concedida às "instituições médicas". Durante uma atividade recente em que um dos editores deste site representou a Choosing Wisely Brasil, um participante perguntou sobre como selecionar e manter médicos que valorizem custo-consciência. A resposta destacou a complexidade do cenário, mas apontou algumas possibilidades:
"Que tal começarmos a prestar mais atenção aos conflitos de interesse e às mentalidades do tipo 'mais é sempre melhor'? Uma simples olhada nas redes sociais de muitos médicos já revela parte disso. Atentar-se para o que está acontecendo no sistema também".
E onde isso se conecta?
Alguns congressos médicos, organizados por entidades científicas sem adequada transparência, vêm cobrando valores de inscrição exorbitantes. Para um evento específico que se aproxima, vários colegas nos informaram que só participarão se forem patrocinados por laboratório ou pela indústria de dispositivos médicos. Além de terem as inscrições pagas, parcela também receberá hospedagem em hotél de luxo em Jurerê Internacional. Em um cenário assim, é difícil acreditar que todos serão assíduos nas palestras, quando há uma estrutura tão atrativa à beira-mar.
Dessa forma, o ciclo se completa: a indústria exerce influência potencial tanto dentro quanto fora do evento (literalmente na praia), beneficiando, de uma forma ou outra, a respectiva entidade científica ao pagar por inscrições tão caras, mesmo para aqueles que possivelmente não aproveitarão bem o conteúdo. Isso reforça a importância de regular essas instituições. Faz mais sentido investir esforços em garantir que a "estrutura oficial" funcione de forma transparente e ética, assegurando uma educação médica de qualidade para quem realmente se dispuser a aproveitar o congresso, do que focar apenas em controlar médicos que, hospedados em locais paradisíacos, acabam dispersos. E quem sabe assim não se consegue inclusive inscrição mais em conta para aquele que não aceita essas benesses? Bem como melhor moldar o sistema para aqueles que valorizam custo-consciência?
sexta-feira, setembro 20, 2024
sexta-feira, setembro 06, 2024
Resolução CFM 2.386/24
Conheça a nova resolução aqui.
Não estão abrangidos:
- - a distribuição de amostras grátis de medicamentos e/ou produtos médicos;
- - os rendimentos e dividendos decorrentes de investimentos em ações e/ou cotas de participação em indústrias da área da saúde; e
- - os benefícios recebidos por sociedades científicas e entidades médicas.
Já discutimos isto antes:
O que você pensa?
segunda-feira, agosto 26, 2024
sábado, agosto 24, 2024
Campanhas de vacinação em parceria com a indústria farmacêutica promovem com mais alcance vacinas ou a imagem das próprias empresas?
"Construir a confiança do público nas imunizações exige mais do que um compromisso por parte dos fabricantes de vacinas. Exige, entre outras coisas, garantir que as empresas tenham todos os incentivos para libertar apenas vacinas que sejam seguras e dar aos cidadãos a garantia de que, se tiverem uma reacção adversa, serão cuidados".
domingo, junho 09, 2024
Confiar cegamente em biomarcadores para poupar boleiros é ciência de boa qualidade?
Em revisão mais recente, apontam que:
"Embora os biomarcadores tenham sido estudados no desempenho humano, há uso limitado para determinar estados de lesão (tanto risco de lesão, gravidade da lesão e recuperação da lesão)"
Sugerem ainda que precisamos conhecer mais os intervalos de referência específicos para atletas e que não há comprovação de utilidade na predição de fraturas de estresse ou de lesões ligamentares.
Nada disto deveria surpreender. Uma das minhas especialidades, Medicina Intensiva, é também rica em mecanismos e discussões sobre biomarcadores. Sabemos que quanto mais os nossos intensivistas pesquisadores os estudam, mais dúvidas geralmente têm. Um exemplo aqui.
Se Maurício, ao trazer essa discussão, sugestiona, sem nem saber bem porquê, uma abordagem mais científica do tema, reconhecendo a necessidade de considerar diversas informações, incluindo o contexto do próximo jogo, para tomar decisões adequadas sobre a gestão do grupo de atletas. Por tudo que se conhece sobre biomarcadores em diversas áreas da Medicina, não deveria surpreender o fato de não serem determinísticos. No máximo, moldariam probabilidades. Devem ser, pelo menos, analisados em conjunto com informações outras - no caso do futebol profissional, a importância do próximo confronto e a condição do atleta do lado e que eventualmente tem um biomarcador aceitável, mas tudo para estar "no limite".
Ah, a vastidão da internet, onde as ideias brotam como grama em campo de futebol! Sobram na internet referências a este e outros vários biomarcadores para aplicação no esporte de alto desempenho. É tentador mergulhar nesse mar de informações e se perder nas narrativas promissoras sobre biomarcadores e desempenho esportivo. Qualquer um poderia construir argumentos convincentes sobre seu potencial revolucionário. No entanto, como diz o ditado, a prova está no pudim - ou, no caso, nos estudos científicos revisados. Por mais que haja plausibilidade, se o interesse for boa ciência, será preciso mostrar algum estudo científico que tenha passado por nossas eventualmente breves ou limitadas revisões.