terça-feira, março 11, 2014

Roda Viva, sociedades médicas e conflitos de interesse

Para mim, foram muito marcantes no recente Programa Roda Viva que entrevistou o presidente da Associação Médica Brasileira os dois momentos onde refletiu sobre conflitos de interesse.

Falando dos médicos (bloco 3 principalmente), parece bastar controle das sociedades médicas (entidades que representa e que naturalmente quer fortalecer), declaração de conflitos de interesse e bom-senso. Imediatamente após, questionou a Agência Nacional de Saúde Suplementar da seguinte forma: "Há independência nas nossas agências reguladoras? Como são escolhidos seus diretores? Que vínculos eles têm?". Veja abaixo:



Pessoalmente acho que não há independência nas agências reguladoras do governo, mas enxergar a possibilidade disto e da influência só nos outros é muito simplório.

Representa o paradoxo atual do brasileiro: Cada um de nós, individualmente ou em grupos organizados, tem a crença de estar muito acima de tudo que aí está. Ninguém aceita, ninguém aguenta mais, nenhum de nós pactua com o mar de lama. O problema é que, ao mesmo tempo, o resultado de todos nós juntos é precisamente tudo o que aí está, estamos muito aquém da somatória das nossas auto-imagens individuais ou corporativas.

Outro aspecto interessante: quando fala dos médicos comuns, a maioria de nós (vide o trecho aqui), até reconhece eventuais limitações e falhas, que podemos "sair do trilho", propondo como solução que sigamos as orientações das "instituições maiores", suas diretrizes, seus guidelines, suas recomendações. Há controversas! São justamente os grandes formadores de opinião que possuem os mais importantes conflitos de interesse!!! Sugere Florentino que quem ocupa cargos de liderança teria automaticamente maior capacidade de gerenciar conflitos de interesse. Será verdade? Em artigo para o CREMESP, cobramos que a regulação tem que começar por quem tem mais poder e transbordar para o dia-a-dia do médico mais comum. Questionamos o fato de que quase todas as iniciativas até hoje pensadas em nosso meio insinuaram regular apenas o profissional da ponta, deixando de fora quem toma as grandes decisões e, conseqüentemente, as associações médicas. Isto, no meu entendimento, é uma grande injustiça com os colegas que, do ponto de vista prático, tocam a medicina brasileira. Podendo representar, ainda, uma grande armadilha!!!  

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